O Meu Desejo É:

O meu desejo é que o blog:http://jesusmeuguiaeprotetor.blogspot.com/ o ajude a conscientizar-se de sua situação e a buscar em DEUS o equilíbrio emocional, a sabedoria, a estratégia e aforça para vençer os obstáculos que se interpõem entre você e a sua vitória!

sexta-feira, 15 de junho de 2012

A Inteligência De Cristo Diante Dos Papéis Da Memória




Como Cristo lidava com os papéis da memória? Usava a memória humana como um depósito de informações? Tinha uma postura lúcida e coerente diante da história dos seus discípulos? Cristo usava os papéis da memória de maneira diferente de muitas escolas clássicas. Possuía uma sabedoria impressionante. Não dava uma infinidade de informações para seus íntimos nem mesmo regras de conduta, como muitos pensam. Usava a memória como um suporte para fazer deles uma refinada casta de pensadores. Aqui, comentarei apenas a linha principal do pensamento de Jesus diante dos papéis da memória.
As escolas são fundamentais numa sociedade, mas elas têm enfileirado os alunos durante séculos nas salas de aula, acreditando que a memória tem um atributo que na realidade não possui: o de ser um sistema de arquivo de informação que faz de nós retransmissores delas. O senso comum acredita que tudo o que se armazena na memória será lembrado de maneira pura. Todavia, ao contrário do que muitos educadores e outros profissionais pensam, não existe lembrança pura das alegrias, das angústias, dos fracassos e dos sucessos que foram registrados na memória existencial (ME). Só são recordadas de maneira mais pura as informações de uso contínuo, como endereços, números telefônicos e fórmulas que foram registradas repetidas vezes na memória de uso contínuo (MUC).
O passado não é lembrado, mas reconstruído. As recordações são sempre reconstruções do passado, nunca plenamente fiéis, apresentando às vezes micro ou macro diferenças.
A memória não é um sistema de arquivo lógico, uma enciclopédia de informações, nem a inteligência humana funciona como retransmissora dessas informações. A memória funciona como um canteiro de dados para que nos tornemos construtores de pensamentos. Cristo tinha consciência disso, pois usava a memória como trampolim para expandir a arte de pensar. Estava sempre estimulando os seus discípulos a se interiorizarem e a se repensarem.
Por que a memória humana não funciona como a memória dos computadores? Por que não recordamos o passado exatamente como ele foi? Aqui esconde-se um segredo da intelig~encia. Não recordamos o passado com exatidão não apenas pelas dificuldades de registro cerebral, mas também porque um dos mais importantes papéis da memória não é transformar o ser humano num repetidor de informações do passado, mas num engenheiro de ideias, um construtor de novos pensamentos. Esse segredo da mente humana precisa ser incorporado pelas teorias educacionais.
Nunca se resgata a realidade das experiências do passado, mesmo quando se está em tratamento psicoterápico. O filme do presente nunca é igual ao do passado. esse fenômeno, além de nos estimular a ser engenheiros de ideias, contribui para desobstruir a inteligência em situações dramáticas. Por exemplo, uma mãe que perde um filho poderia paralisar sua inteligência, pois recordaria continuamente ao longo da vida a mesma experiência de dor vivida no velório dele. Porém, como a recordação do presente é sempre distinta daquela do passado, ainda que minimamente, a mãe vai pouco a pouco aliviando inconscientemente a dor da perda, apesar de a saudade nunca mais ser resolvida. Com isso, ela volta a ter prazer de viver.
Sem tais mecanismos intelectuais, expostos sinteticamente, não apenas as experiências de dor e fracasso poderiam paralisar nossas inteligências, mas também as de alegria e sucesso poderiam nos manter gravitando em torno delas.
Cristo estava continuamente conduzindo seus discípulos a pensar antes de reagir, a abrir as janelas de suas mentes mesmo diante do medo, dos erros, dos fracassos e das dificuldades. Estimulava os papéis da memória e o processo de construção de pensamentos.
Volto a repetir, a leitura multifocal da memória e a reconstrução continua do passado nos levam a ser engenheiros criativos de novas ideias, e não pedreiros das mesmas obras. Mas não contribuímos para esse processo, como fazia o mestre de Nazaré; pelo contrário, nós o atrapalhamos, pois, em vez de exigirmos de nós a flexibilidade e a criatividade, preferimos ter ótima memória e ser repetidores de informações, o que encarcera a inteligência.
Esse erro educacional se arrasta por séculos e vai se intensificar cada vez mais à medida que o ser humano quiser ter uma memória e uma capacidade de resposta semelhante às dos computadores. Os computadores são escravos de programas lógicos. Eles não pensam, não têm consciência de si mesmos e, principalmente, não duvidam nem se emocionam.
Muitos alunos não se adaptam ao ensino tradicional e são considerados incompetentes ou deficientes porque o modelo educacional nem sempre estimula adequadamente os papéis da memória. As próprias provas escolares podem representar, às vezes, uma tentativa de reprodução inadequada de informações. Precisamos compreender que a especialidade da inteligência humana é expandir a arte de pensar, criar, libertar o pensamento, e não decorar e repetir informações.
Veremos que, por conhecer bem os papéis da memória, o mestre da escola da existência ensinava muito dizendo pouco. Desejava que as pessoas não fossem repetidoras de regras de comportamento, capazes apenas de julgar os outros, mas sem saberem se interiorizar e enfrentar seis próprios erros, como os fariseus, conforme é relatado nos capítulos 6 e 23 de Mateus: “Tira a trave do teu olho, então verás claramente para tirar o cisco do olho do teu irmão.” Somos ótimos para julgar e criticar os outros. Todavia, ele não admitia que seus discípulos vivessem uma maquiagem social. Primeiro tinham que apontar o dedo para si mesmos, para depois julgar e ajudar os outros.
Estudando as entrelinhas de suas ideias, verificamos que Cristo sabia que os pensamentos não se registram na mesma intensidade, que há determinada experiências que obtêm um registro privilegiado no inconsciente da memória. Por isso, toda vez que queria ensinar algo complexo ou estimular uma função importante da inteligência – tal como aprender a se doar, a pensar antes de reagir, a reciclar a competição predatória –, Jesus usava gestos surpreendentes que chocavam das pessoas e marcavam para sempre a memória delas.
O Mestre dos Mestres entendia as limitações humanas, sabia como era difícil administrar as próprias emoções, principalmente nos focos de tensão. Sabia que facilmente perdemos a paciência quando estamos estressados, que nos irritamos por pequenas coisas e ferimos as pessoas que mais amamos. Para ele, o mal é o que sai de dentro de nós e não o que está fora. Cumpre ao ser humano atuar primeiro no seu mundo intelectual para depois aprender a ser um bom líder no mundo social.
Cristo não admitia que as tensões, a ira, a intolerância, o julgamento preconcebido envolvessem seus discípulos. Estimulava seus íntimos a serem fortes numa esfera que costumamos ser fracos: fortes em administrar a impaciência, rápidos em reconhecer as limitações, seguros em reconhecer os fracassos, maduros em tratar com as dificuldades do relacionamento social (Mateus 5:1 a 7:29).
A preocupação dos mestre tem fundamento. Existe um fenômeno inconsciente que chamamos de fenômeno RAM (Registro automático da memória) que grava imediatamente todas as experiências na memória. Nos computadores é necessário dar um comando para “salvar” as informações, Porém, na memória humana, a mente não nos dá essa liberdade. Cada pensamento e emoção são registrados automática e espontaneamente, e por isso as experiências do passado irrigam o nosso presente.
O fenômeno RAM registra todas as nossas experiências de vida, tanto nossos sucessos como nossos fracassos, tanto nossas reações inteligentes como as imaturas. entretanto, há diferenças no processo de registro que influenciarão o processo de leitura da memória. Registramos de maneira mais privilegiada as experiências que têm mais conteúdo emocional, seja ele prazeroso ou angustiante. Por isso temos mais facilidade de recordar as experiências mais marcantes de nossas vidas, tanto as que nos causaram alegrias como aquelas que nos frustraram. Estimular adequadamente o fenômeno RAM é fundamental para o desenvolvimento da personalidade, inclusive para o sucesso do tratamento de paciente depressivos, fóbicos e autistas.
Cristo não queria que as turbulências emocionais fossem continuamente registradas na memória, engessando a personalidade. Queria que seus discípulos fossem livres (Lucas 4:18; João 8:32). Livres num território em que todo ser humano é facilmente prisioneiro, seja um psiquiatra ou um paciente: no território da emoção. O mestre da escola da existência, quase vinte séculos antes de Goleman, * já discursava apontando a energia emocional como uma das importantes variáveis que influenciam o desenvolvimento da inteligência. Como veremos, a maneira como ele lidava om as intempéries emocionais, superava as dores da existência, desenvolvia a criatividade e abria as janelas da mente nas situações estressantes deixaria os adeptos da tese da intelig~encia emocional pasmos, tamanha a sua maturidade.
Se não formos rápidos e inteligentes para lidar com nossas ansiedades, intolerâncias, impaciências, fobias, nós as retroalimentaremos em nossas memórias. Assim, nos tornaremos o nosso maior inimigo, reféns de nossas emoções. Por isso muitos vivem o paradoxo da cultura e da miséria emocional. Possuem diversos títulos acadêmicos, são cultos, mas, ao mesmo tempo, infelizes, ansiosos e hipersensíveis, não sabem absorver suas contrariedades, frustações e as críticas que recebem. Essas pessoas deveriam se reciclar e investir em qualidade de vida.
Não está sob o controle consciente das pessoas o registro das informações na memória, assim como também não está o ato de apaga-las. Mas é possível reescrevê-las. Já pensou se fosse possível deletar os arquivos registrados na memória? Quando estivéssemos decepcionados, frustrados com determinadas pessoas, teríamos a oportunidade de matá-las dentro de nós. Isto produziria um suicídio impensável da inteligência, um suicídio da história. Muitos de nós já tentamos, sem sucesso, eliminar alguém de nossa memória.
Cristo indicou ao longo do relacionamento que teve com seus discípulos que tinha consciência de que a memória não pode ser deletada. Veremos que não queria destruir a personalidade das pessoas que conviviam com ele. Pelo contrário, desejava transformá-las essencialmente, amadurecê-las. Não desejava anular a história delas, mas desejava que reescrevessem sua história com liberdade e consciência, que não tivesse medo de repensar seus dogmas e de revisar seus conflitos diante da vida.
Como pode alguém que nasceu há tantos séculos, sem qualquer privilégio cultural ou social, demonstrar um conhecimento tão profundo da inteligência humana? O mestre de Nazaré era um maestro da vida. Ele usava seus momentos de sil~encio, suas parábolas, suas reações para estimular seus incultos discípulos a se tornarem um grupo de pensadores capazes de tocar juntos a mais bela sinfonia da vida. Sem dúvida, era um mestre intrigante e instigante. Estudar a inteligência dele é muito mais complexo do que estudar a de Freud, de Jung, de Platão ou de qualquer outro pensador.

(Fonte: Análise da Inteligência de Cristo – Augusto Cury).

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