Milhões de pessoas conseguem definir as partículas dos
átomos que nunca viram, mas não são capazes de compreender que a cor da pele
branca ou negra, tão perceptível aos olhos, não serve de parâmetro para
distinguir duas pessoas da mesma espécie que possuem o mesmo espetáculo da
construção de pensamentos. Somos, a cada geração, uma espécie mais feliz,
humanista. solidária, complacente, tolerante e menos doente psiquicamente?
Infelizmente, não!
O
conhecimento abriu novas e impensáveis perspectivas. As escolas se
multiplicaram. As informações nunca foram tão democratizadas, tão acessíveis.
estamos na era da educação virtual. Milhões de pessoas cursando universidades
sem sair de suas casas. Porém, onde estão os pensadores que deixam de ser
espectadores passivos e se tornam agentes modificadores da sua história
existencial e social? Onde estão os engenheiros de ideias criativas, capazes de
superar as ditaduras do preconceito e dos focos de tensão? Onde estão os poetas
da inteligência que desenvolveram a arte de pensar? Onde estão os humanistas que
não almejam que o mundo gravite em torno deles, que superam a paranoia do
individualismo, que transcendem a paranoia da competição predatória e sabem se
doar socialmente?
Os seres
humanos nunca usaram tanto a ciência. Entretanto, nunca desconfiaram tanto dela.
Eles sabem que a ciência não resolveu os problemas básicos da humanidade. Qual a
consequência disso? É que a forte corrente do ateísmo que se iniciou no século
XIX e que perdurou durante boa parte do século XX foi rompida. A ciência, como
disse, tanto progredia quanto prometia muito. Sob os alicerces da ciência,
homens e mulheres ganharam status de deuses, pois acreditavam-se capazes de
extirpar completamente as suas próprias misérias. assim, durante muitas décadas,
o ateísmo floresceu como um canteiro vivo. Todavia, com a frustração da ciência,
o ateísmo ruiu como um jogo de cartas de baralho, implodiu, e o misticismo
floresceu. Fomos de um extremo a outro.
Percebendo as
misérias psicossociais ao seu redor e observando as notícias de cunho negativo
saltando todos os dias das manchetes dos jornais, as pessoas começaram a
procurar Deus. Elas, que não acreditavam em nada, passaram a crer em tudo. Elas,
que eram tão céticas, passaram a ser tão crédulas. É respeitável todo tipo de
crença, porém é igualmente respeitável exercer o direito de pensar antes de
crer, e crer com maturidade e consciência crítica. O direito de pensar com
consciência crítica é nobilíssimo.
(Fonte: Análise da Inteligência de Cristo –
Augusto Cury).
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