A promessa da ciência e a frustração
gerada
No século XIX e principalmente no XX a ciência teve um
desenvolvimento explosivo. Paralelamente, o ateísmo floresceu como nunca. A
ciência tanto progredia quanto prometia muito. Alicerçados na ciência, os seres
humanos ousados em seus sonhos de progresso e modernidade. Milhões deles,
inclusive muitos intelectuais, baniram Deus de suas vidas, de suas histórias,
substituindo-O pela ciência. Ela prometia levá-lo a dar um salto nos amplos
aspectos da prosperidade biológica, psicológica e social. A sociedade cresceria,
a cidadania floresceria, o humanismo embalaria as relações sociais, a riqueza
material se expandiria e englobaria todos os seres humanos, a miséria social
seria extinta e a qualidade de vida atingiria um patamar brilhante. As guerras,
as discriminações e as demais violações dos direitos humanos seriam lembradas
como manchas das gerações passadas. Belo sonho.
A ciência oferecia uma grande esperança, que, apesar de não ser
expressa em palavras, era forte e arrebatadora. Havia uma promessa sentida a
cada momento em que se dava um salto espetacular na engenharia civil, na
mecânica, na eletrônica, na medicina, na genética, na química, na física, etc. A
expansão do conhecimento era incontrolável. Cada ciência se multiplicava em
outras novas. Cada viela do conhecimento se expandir, tornando-se um bairro
inteiro de informações. Encontrava-se um microcosmo dentro das células.
Descobria-se um mundo dentro dos átomos. Compreendia-se um mundo com bilhões de
galáxias que pulsavam no espaço. Produzia-se um universo de possibilidades nas
memórias dos computadores.
A ciência desenvolveu-se intensamente, mas frustrou a humanidade.
De um lado, fez e continua fazendo muito. Causou uma revolução tecnológica no
mundo extrapsíquico e mesmo no organismo humano, por meio dos exames
laboratoriais e das técnicas de medicina. Revolucionou o mundo, o mundo exterior
das pessoas, mas não o mundo intrapsíquico, o mundo interior, o cerne da mente,
Guiou o ser humano na descoberta do imenso espaço e do pequeno átomo, mas não o
levou a explorar o próprio mundo interior. Produziu veículos automotores, mas
não veículos psíquicos capazes de conduzir as pessoas nas trajetórias do próprio
ser. Fabricou máquinas para arar a terra e garantir mantimentos para saciar a
fome física, mas não gerou princípios psicológicos e sociológicos para “arar” a
rigidez intelectual, o individualismo e nutri-lo com a cidadania, a tolerância,
a preocupação com o outro. Forneceu informações e multiplicou as universidades,
mas não resolveu a crise de formação de pensadores.
A ciência não causou a tão sonhada revolução do humanismo, da
solidariedade, da preservação dos direitos humanos. Não cumpriu as promessas
mais básicas de expandir a qualidade de vida psicossocial do mundo
moderno.
Homens e mulheres do final do século XX se sentiram traídos pela
ciência e os do terceiro milênio se sentem hoje frustrados, perdidos, confusos,
sem âncora intelectual que os segure.
(Fonte: Análise da Inteligência de Cristo –
Augusto Cury).
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